29.9.13

Pétalas















As pétalas caem ainda brancas
nem tocam o chão
entregues ao vento
partem como pássaros, num voo de ida
sem sortes de regressos.
As sombras permanecem
nestes caules espinhosos
que a terra agarra
mesmo saindo o sol em viagem
estendendo a passadeira aos dias cinzentos
e a noites pálidas, lúgubres.
Os rostos dos fantasmas atendem sentidos
cata-ventos
de perfumes emigrados
memórias pesadas, carregadas às costas
arranhando a pele.
Somos vivos
como as pétalas
fragmentos da flor
que me lembra de ti
dos meus lábios secos, viajantes
dum café demorado
numa praça de um qualquer sítio
sabor desses olhos
que sorriem
ao ver uma pétala tocar o chão.




1 comentário:

Lília Tavares disse...

Outono sem piedade, Jorge. Bonito poema de partidas, mas de esperança. Abraços.
Lília T.