12.7.15

Por te saber

 














Por te saber aí
onde tudo pode ser azul
da cor do fundo dos teus olhos
é por aí que eu declaro
que é aí que quero chegar
ainda que a morte se anuncie
ou os ventos soprem na fúria das tardes
quando o norte desgraçadamente se enfurece
é aí que o som do teu beijo se revela
e que as páginas passam devagar
quando leio o teu sorriso
e navego em cada pedaço das palavras
com que me dizes
que me amas
por te saber tão perto
é que às vezes tudo se torna longe
e a memória me tapa os olhos
e me confunde os trilhos que apontam o destino
e cada passo
tem o som abafado da angústia
dos relógios que se movem
acelerados
e das vírgulas que desmancham os textos
construídos
por te saber
é que os dias brilham sempre tão intensos
e as expressões de todos os homens
não são carregadas nem leves
são apenas expressões
inventadas
e todas as caras das crianças com que me olho
são manhãs a renascer
são a ponte que me faz chegar
é por ti
que faço e desfaço esta mala pequena
companheira dos meus tempos
do papel e da caneta
e de um lápis aguçado
que desenha o teu nome em cada canto
das mesmas folhas
onde me ponho a falar de ti.

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