12.7.15

às vezes

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Às vezes são apenas imagens desfocadas que me aparecem à cabeça, cheias de música, cheias de movimento, inexplicáveis, como se ficasse à beira de qualquer sítio surpreendentemente belo, e extasiado nem um múrmurio nascesse.

Às vezes são palavras nítidas, transparentes, derramadas no papel como vinho numa toalha alva, que se espalha inexorável.

Às vezes é um silêncio do tamanho das noites grandes, onde cada som se amplifica até ao momento em que um raio de sol me resgate.

Às vezes sou só eu sentado diante de mim, explicando e voltando a explicar aquilo que deveria contar de outra forma para que me entendesse.

Às vezes faltam-me as pontes e as estradas que me ligam a outros continentes, a outras mãos, a outros abraços, ou a um momento perdido que nunca foi mais que um desejo construído, que bem visto depois, não passa do momento da euforia, das prendas abertas, dos papéis pelo chão.

Às vezes para ser feliz, bastaria ser apenas um ponto olhado do espaço, uma manta e um livro e um lugar onde me possa deixar estar, e onde tu me visses que há tanto tempo me deixaste.

Às vezes, o conforto desconforta.

As vezes é apenas fechar os olhos e ver-te, e saber que dizer-te tudo, é pedir-te um beijo e os teus braços, e dos teus braços, vir um beijo do fundo da carne dos teus lábios, e um caminho onde o meu corpo se chegue ao teu, tão intenso que por lá me deixasse estar até ao fim de cada história, de cada livro.

Às vezes, já nada faz sentido, nem sei se os poemas se devem guardar, quando os digo olhando-te a direito. Às vezes dou por mim pensando que às vezes, a vida tem tanto para não ser só às vezes. Tantas vezes como as vezes que não sei estar contigo.

1 comentário:

OceanoAzul.Sonhos disse...

Às vezes pouco se precisa para ser feliz, às vezes, apenas quando conseguimos olhar a simplicidade daquilo que Deus nos oferece, mas só às vezes.

Abraço amigo