17.1.15

Ouvir de guerra











oiço o troar de cada palavra metálica
como um obus
ou uma matraca
oiço e não entendo
quantos jazem no chão de cara desfeita
membros perdidos decepados
oiço gritos frescos adormecidos
as casas destronadas
antigos reinos
onde já não reinam as brincadeiras legítimas
das idades
dos que serão sempre senhores
das razões soberanas
e das verdades maiores que os olhos
avermelhados roxos
dos panos de gaza
da Manchúria e dos desertos
onde corre o sangue fresco
das gentes de pé
e dos que impõe o silêncio
aos que se prostram no sim
mesmo que o não lhes traga outro sol
para que as lágrimas não corram
na tua face meu amor
e me dês um sorriso de manhã

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