29.1.15

Não sou daqui


 













não sou daqui,
o meu corpo é empecilho
nesta viagem
só os sonhos me sustentam
a visão regular dos amanheceres
de todos os dias que chegam e vão
repetidos, certos
dão respostas por trás da porta
não posso
já é tarde
venha depois
é do que não tenho que sigo
por onde não sou
do que ainda não fui
de ti
de cada poro teu que ainda não me pertence
e dum beijo macio
que não me entregaste
que as coisas pequenas não me movem
como, bebo, como se o amanhã
não pudesse chegar
e apenas o teu corpo
me sacia
e esta fome que tenho
soubesse aos teus seios
e ao cheiro desse teu cabelo
preso nos meus pulsos
quando te amo sem saber se amanhã
serás ainda minha
não sou daqui
desta cama vaga longa e branca
não sei onde pousar os pés
nem deixo marcas no teu tapete
sei que sou da viagem
e dos dias incertos
sou daqui
deste poema
que só sabe falar de ti.

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