25.8.14

Agora

agora que o calor abranda
depois dos dias descansarem
a tarde abraça-nos
é agora que te recebo no peito
e o meu braço te circunda
quando o cheiro do teu pescoço nú
me diz o quanto nos temos
mesmo à entrada da porta
onde o chão se torna cúmplice
e o meu delírio são as tuas pernas
os gestos tremem
na gratidão do teu corpo
de cada beijo sôfrego sufocado
agora que a vida se deixa ficar sem outra razão
que não a tua blusa largada
perdida
e os meus lábios colados
em cada ponta dos teus seios
é neste momento que sei que a paixão
lê no mesmo livro
que o amor
entoando as letras
numa espécie de canto vivo
quando os olhos se fecham e tudo
vive por detrás da nossa pele
agora agora mesmo enquanto rolas por mim
agora que as tuas coxas deixam o seu sabor
em cada poro
um canto final baixinho livre
procura o teu ouvido
e murmura num agora
a única expressão que pode ser dita
sem coragem de mentir
agora somos nós
agora amamos
agora tudo vem
te dou
te recebo

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