3.7.14

Sons e sentidos
















não quero ver os sons sem os olhar primeiro
as mulheres loucas
assustam-me
quando correm esbracejando nas
avenidas límpidas, direitas
dizendo impropérios
antes fossem homens estropiados
loucos semi – nus coléricos naturais
não quero deixar de lado o que vejo
embora dentro de mim
tudo seja tão claro
e hajam palavras antigas de que me recordo
os cheiros
e músicas que me levam pela mão
inadequados, enganos
os sons que vejo
são memórias dispendiosas
cristais pendurados
heranças de família
pressinto e não quero olhar
e quando vejo
o tempo que gasto a ver
cansa-me
e volto dentro de mim
e esta casa, minha
destelhada, sem portas
onde a esperança são dois vãos de
escada
e a entrada se faz por todos os olhos
que me vigiam
recuso ficar sentado, mesmo que o céu
esteja na beira da minha loucura
antes partir
e deixar de ouvir os meus sentidos
antes sair e trazer de novo os sons
os mais fracos aguados
como as chuvas veraneias
fruto do tempo
onde as marés mandam
e o sol nasce sem saber o que vestir
fico à beira do lugar onde sempre soube
encontrar-te
não te espero por te ouvir chegar
olho-te e sei que chegarás.

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