olho todos
os que me querem
por aquilo
que tenho
amo, os que
me querem
por quem
sou, quero-os.
desprezo o
meu nome
em listas,
agendas, ficheiros
dos que
podem, gritam
de quem
manda.
a minha vida
assenta
em papel e
num lápis
em poder
desenhar estas letras
que me
abraçam e sorvem a alma
e explicam a
parte real do que sou.
reparo em
tudo o que quero
nesse abraço
que vem por trás da nuca
como lenço
de cetim
mimando
querendo o
que os outros possuem e eu já vi,
o que
raramente entendo, o que eles são.
são horas
demasiado longas
companheiro
de mim
irmão de
cárcere
sem escolha,
compartilho catre e um prato
cinzento de
metal, frio
de tudo o
que digo, verdade e mentira
sou a
solidão de todos os momentos
e murmúrios
de solilóquios
onde apenas
falo à minha própria paixão
e por fim deixo
que o teu nome
me percorra
guardo-o
como um tesouro em relicário
brilhando
entre o vazio
de tudo o
que não me serve.
da distância
perplexa
da vontade
minha e tua
e dos teus pés
para onde
caminha um horizonte azul, longínquo
por um homem
que sabe a saudade
na secura da
boca
esvaziada.
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