7.8.13

Momentos contigo




















Por fim, toquei o teu corpo, quando num aceno breve do teu rosto, deixaste que o meu peito se colasse ao teu, e na explosão e no amplexo deste momento, como um fogo que vem do nada, o calor do teu corpo me disse ser verdade. Como se sentisse que o final de todos os dias começaria agora, como se um mundo novo acabasse de ser descoberto.
O sol bateu dentro de mim, como a um gato estendido nas lajes do alpendre. Os olhos fechados guardaram cada átomo, cada milésimo de segundo precioso, quando me deixaste entrar, e te olhando vi tudo o que podia olhar, e os teus olhos como duas esmeraldas doces disseram apenas sim, e me pediram apenas que te dissesse sim, sem passado nem futuro, apenas ali.
Os livros que encontro por ti a dentro, são pensamentos confundidos, são apenas actos de sentir e  ler, e Eugénio e Cesário abraçam-se na escrevaninha, Camus no peitoril da janela, espreita os pedaços do sol que morrem pela tarde dentro. Pessoa, o Joaquim, está junto às tesouras e à fita-cola, em cima de cadernos onde te encontro solta, folheada em trechos frescos dos teus próprios poemas, e os teus braços que me puxam, são ainda mais longos e fortes que a ponte vermelha que nos olha da tua varanda. E amamo-nos
Somos apenas corpo e um desejo só, sem palavras, sem mais que te ter e saber que me tens. E quando repousamos lado a lado, a tua mão rodopia no meu peito como bailarina, dançando em pontas, dizendo coisas que todo o tempo quis ouvir apenas de ti. Levantas-te, nua, linda, mulher. 
E as lágrimas escapam-se dos meus olhos para te seguir.

Sem comentários: