12.9.12

Ser teu


Deixa-me ser teu
pertencer-te de inteiro
como os silêncios são das comtemplações
e as neves eternas dos cumes mais altos
Deixa  pegar-me a ti
como o verão se pega à pele
e as sementes se afundam na terra:
deixa-me voar à tua volta
como crisálida
à volta da chama,
e deste risco
saborear o sorriso incauto
de te sentir assim tão perto.
sei que estou perdido
e por isso, sei e basta-me.
as ruas têm cheiro a fresco
lavadas, despejadas do pó vespertino
e da sujeira dos passos que passaram,
e eu perdido na tua procura
oiço um piano em tom menor
desprendido de uma janela semi-aberta
onde uma mulher de cabelo ruivo
com um laço verde,
canta
num improviso de jazz. e baila
num movimento perfeito
quase imperceptível,
e sorri de gozo...
quase paro.

Deixa que volte, mesmo perdido
vou lembrar o teu rosto
como mapa das minhas memórias
dos dias de dentro
onde tudo repassa a vontade
de te ter.
deixa que fique
sentado na soleira da tua porta
deixa que te ame, assim
como eu fosse apenas teu.