5.9.12

Em mim


Na praça vazia
fecho os meus olhos vazios e
um som repetidamente belo
enche-me até o detestar.

na pequena viela onde tudo se estreita
amalgo os meus dedos em punho
e olho-o
como se de mim não fosse
e empunho este punho
e posso pela primeira vez
apenas rir dele.

na tua janela
onde me deixaste
da parte de dentro desse teu quarto
na parte de fora da tua cama
os ombros gelados da patética
camisola de alças,
adulo este cigarro que te roubei
(há tanto tempo os deixara)
e percebo que apenas estou
na parte de dentro de uma janela
com vista paa as ruas largas.

não existem dias sem ti
como
uma paragem de autocarro
por onde quero estar
quando passares e me deixares
entrar
ainda não sei onde.

de olhos fechados
na praça
saboreando os silêncios
de quando as melodias se calarem
olhando as janelas fechadas
os autocarros que passam
sorrio, quase sem expressão,
com toda a paixão
de me saber aqui,
nú, inteiro.

1 comentário:

maria joão moreira disse...

talvez sozinho,talvez maltratado, talvez destroçado, mas... inteiro! É isso mesmo!