21.3.12

O meu pássaro















Um pássaro de asas enormes
rasa em voo planado os meus desejos
traz-me notícias sem encomenda
bica-me as mãos
procurando o pão dos restos dos manjares
de outros dias.
dos meus olhos
nem água ofereço,
sou um olhar pequeno, turvado,
tenho o pescoço frio
dos ventos que sopram a todo o pano
e engelho a vista
evitando a poeira dos dias cinzentos.
a solidão aos meus pés,
a tristeza a espreitar dos cortinados.
o meu pássaro recolheu as asas
empoleirado no banco que divide comigo
olha em frente
preparando o novo momento
donde sairá sem nada dizer,
e por isso que deixo que um sorriso
me escorra ao canto do lábio
e os meus ombros se assomem
e o destino se estenda na ponta dos meus dedos,
me torne outro
e pinte da escolha dos dias
a cor do pássaro
que sempre voa para onde quer.

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