31.5.11

Correr

Corro
e os pés correm, voam
acompanham-me;
há fugazes impressões
que se dispersam
são sempre lugares de destino
por vezes retorno,
os sons são mudos
o suor escorre
o corpo molhado
os olhos,
são apenas guias
gigantes de cada passo
na conquista dos metros
da minha distância
e de um relógio
que me cobra a  vontade
sem porquê de chegar adiante,
não há razão,
não há segundos,
sou apenas querer
e o gozo de uma dor alucinante
experimentada e velha
que não me torce
antes me molda
antes me serena e me abraça
o gosto cómico, servido
de pés e pernas retorcidos
dos olhos desmaiados
e uma mente régia
que tudo pode
que tudo sente
que me pára ou me impele
e me transvia
nos sonhos altos de me pensar
imparável,
nesta sede de correr.

3 comentários:

Vanda Paz disse...

Soberbo!

Beijo

Anónimo disse...

ADOREI
Beijos, Lina

* disse...

Um poema que vem da alma...as palavras fluem como fluem os passos numa corrida...com a força das emoções que brotam da alma...uma força do amor.