
Como se nada mudasse…
O Sol nasce todos os dias de forma diferente, o vento nunca nos beija com a mesma vontade nem com a mesma força, os dias nascem e morrem, sempre com indesmentíveis personalidades que os tornam únicos, até os nossos dedos têm uma marca que os distingue a todos, porém, eu quero que tudo se resolva na imutabilidade de um querer, de carregar até ao fim dos dias, como se nada mudasse, como se os cabelos e as rugas não se mexessem, que fôssemos sempre nós de forma permanente.
Quando digo quero, quero que se decrete a vontade na posse da minha absoluta autoridade, da minha independência, do que é meu – um meu de propriedade, registo de notário, força de lei – da minha própria lei. Travestido da exigência, sem perfumes, que o sabão azul e branco chega, mesmo que me queiras sorver a alma com um pequeno sorriso..
Peço como se desse ordens, declaro as opiniões, regalado no meu próprio silêncio, na minha cegueira. Vejo a todo o mundo e não me vejo a mim próprio. Sou mais cego que o obscuro breu dos becos onde nunca entrou um raio de sol..
Abro os olhos, esforço as pupilas, e apenas tu podes ser meu reflexo, meu lago calmo e vítreo que acompanha os meus movimentos, que me serve de eco e me fere os ouvidos. Antes me calasse. Antes te ouvisse e respondesse a mim próprio com a verdade dorida das feridas que não me cicatrizam.
6 comentários:
Quando algo ou alguém é tatuagem em nós, parece realmente que não muda, é como se fosse fragmento de´eternidade e mesmo que tudo à nossa volta mude, esteja em constante mutação.
Mas a tua poesia é intensa, para mim, não muda na qualidade!
Escreve mais, amigo.
Bj grnd luz e paz
"Sou mais cego que o obscuro breu dos becos onde nunca entrou um raio de sol"
palavras cheias de sugestão - poema em poesia depurada!
abraços
Obrigada Jorge =)
Também tenho que ir tratar dos meus pézinhos... *
Todo o luar é diferente embora a lua seja sempre a mesma.
Toda a escrita é diferente, mas a tua é impar
beijinhos
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