Não é da noite que tenho medo
mesmo cega,
mesmo muda,
mesmo que a geada tolha e quebre
o calor com que espero
o sol regresse.
Nem tenho medo do vento
mesmo quando aparece
desabrido
imprevisto
assolando o meu peito – violento,
rude e mortal.
Não temo os punhos fechados
abatendo-se na minha cabeça
rasgando-me os lábios
quebrando os ossos.
Não é das cidades fechadas
que me escondo,
das árvores moribundas
das ruas cobertas
de gente submissa, imprópria,
nem dos rostos tapados
que queimam os olhos mais claros
os que olham mais longe
e sabem chorar.
Do que tenho medo
e me apavora,
é de mim
quando te perco na bruma
densa
das palavras desentregues,
e não te acho
quando dou por mim acordado
a caminho de lugares
onde não chegas.
Do que tenho medo
é dos braços caídos
que te deixam ir embora
quando te agarram e levam
e tu vais, sem que eu diga não,
sem brigar com o medo.
Do que tenho medo
é apenas, de
não ter medo,
de te perder.
mesmo cega,
mesmo muda,
mesmo que a geada tolha e quebre
o calor com que espero
o sol regresse.
Nem tenho medo do vento
mesmo quando aparece
desabrido
imprevisto
assolando o meu peito – violento,
rude e mortal.
Não temo os punhos fechados
abatendo-se na minha cabeça
rasgando-me os lábios
quebrando os ossos.
Não é das cidades fechadas
que me escondo,
das árvores moribundas
das ruas cobertas
de gente submissa, imprópria,
nem dos rostos tapados
que queimam os olhos mais claros
os que olham mais longe
e sabem chorar.
Do que tenho medo
e me apavora,
é de mim
quando te perco na bruma
densa
das palavras desentregues,
e não te acho
quando dou por mim acordado
a caminho de lugares
onde não chegas.
Do que tenho medo
é dos braços caídos
que te deixam ir embora
quando te agarram e levam
e tu vais, sem que eu diga não,
sem brigar com o medo.
Do que tenho medo
é apenas, de
não ter medo,
de te perder.
4 comentários:
quem nao teme é o louco.
ter medo de abrir a mao e deixar fugir o que tanto se segura é senao natural.
o pesadelo que é ver a tinta que se tatuou na alma escorrer lentamente sem que nada possamos fazer, ve-la desaparecer, apagar-se dando lugar ao nada...
sentimento que nos torna inuteis esse;o medo.
Suga-nos a vida em segundos, branqueia os cabelos e rouba-nos a alma.
enche o peito, encara o medo e nada nem ninguem te demovará.
"Do que tenho medo
é dos braços caídos
que te deixam ir embora"
braços caídos? nunca!
obrigado
Há medos bons.
Aqueles que se fazem chão...Que são chão, nunca aqueles que parecem amparar mas que afinal nos amordaçam a pele, por dentro e por fora, o direito e o avesso.
Há medo que se aprende e medo que existe antes de nós, o medo que se odeia por nos abafar o grito ou simplesmente o gemido, mudo...e eu mudo-me com ele.
Um grande beijinho tio
e aqueles teus medos que colidem com os meus como se fossem os mesmos...
gostei imenso...tanto que irei publica-lo no meu blog, posso?
Claro que sim R.
é tão bom sentir teus olhos a passar pelas minhas palavras.
Enviar um comentário