4.7.08

Os nossos momentos


É noite quando chegas, acabei de chegar também. Sinto o teu cheiro do fim do dia, sabe-me às manhãs acabadas de nascer. Ainda não olhei os teus olhos, e já não tenho vontade de olhar sem que os veja.
Por fim, estamos de olhos fitados, percebo que teus lábios se abrem, num ligeiro sorriso, fruto do mesmo prazer com que me entrego na tua boca. Foi bom deixarmos de fumar, dizes, na simplicidade das coisas que se dizem, quando já os olhos disseram o resto. Estamos frente a frente, as mãos estendidas e entregues. Não se escuta nada, o tempo parece perdido nestes minutos onde apenas estamos, como uma bolsa de ar encontrada quando parecemos já sufocar.
Ainda aí estás!? – perguntas, e o teu rosto inclina-se ao mesmo tempo, que os olhos brilham, o teu cabelo caindo a meio do rosto.
Não respondo, puxo-te para o meu peito, suavemente, sabendo que vens, e que o nosso abraço não tem fome nem sede, apenas é um abraço. Sem palavras, sem murmúrios, apenas porque precisamos. Na sala inundada de fotos, estão as nossas vidas, e assim, apoiado em teu ombro, tenho tempo de saber que a vida passa, e que sempre me surpreende, que o tempo é movimento disformemente acelerado, sem espaços de perdão, sem tempo para voltar.
Fazes-me falta, digo-te quando voltamos do abraço e te olho, e te vejo olhar.
Um banho a dois, já?
Sim, um banho que nos sacuda e acorde, e nos faça amar…
Os nossos momentos, dizes.
Os nossos momentos, repito.

1 comentário:

Moon_T disse...

é mesmo de momentos que nos alimentamos, que filtramos o tempo para os saborear na forma de batimento cardiaco. o que nos faz viver, amar, respirar... e a alguns de nós escrever.
li paixão, li amor, li os vossos batimentos cardiacos em unissono.

imensamente grato pela partilha desses momentos... os vossos momentos.

ps- adicionei-te ao meu Blog espero que nao haja problema, é apenas a minha forma de dizer: Leio-te e adoro o que leio.