11.9.07

Poemas de ti (8)



Reclinado na tua ausência,
encostado às sombras
que se projectam
nas dobras do lençol,
revolto,
maltratado,
meu corpo jaz,
semi-nú,
ornado de rugas
de vincos desfeitos.
Sou a parte esquecida
de que me recordo,
unhas negras
de esgravatar a areia
que teima em escapar
dos meus dedos,
movimento rítmico,
viagem,
dos lugares onde não estive
para o lugar donde vim,
parado no lugar
onde o desejo me deixou
onde ainda se sente o teu cheiro
e sinto nos meus dentes
a textura doce
dos teus lábios,
trincados
macerados
do teu hálito quente,
da tua boca
calada
em gestos que dizem,
que me dizem
nunca mais.

1 comentário:

Vanda Paz disse...

Pega no lençol e recolhe a areia que escorre dos teus dedos, com cuidado molda-a e faz da figura a esperança de um dia...

Beijo

T