19.2.07

Devedor

Devo-te palavras
que as cartas não sabem
conter,
devo-te o odor da tristeza
que tolhe as mãos
e nos amassa as folhas
esgatanhadas,
de rabiscos e intenções.
Devo-te este sinal
das ausências
prolongadas,
as faltas do que já não tenho
e das coisas que não escrevo
por não sentir.
Devo-te este poema
escrito no frio
mantendo-me acordado,
olhando a tua porta
que nunca abrirás
certa que não chego,
certo que não toco.
Sentados de cada um dos lados,
invisíveis,
as lágrimas manchando
esta tinta,
esborratando este amor que te devo
e nunca te pagarei.

2 comentários:

PoesiaMGD disse...

Tal como já disse, há coisas que não têm preço!
Obrigada pelo teu elogio. É claro que podes colocar o meu nome no teu blog! O link para o teu também está no meu!
Um abraço

T disse...

Demorou o meu comentário e hoje confrontei-me com o que tenho andado a perder.
Sou eu que lhe devo muitas palavras. De agradecimento, contentamento e amizade.

Parabéns por este poema e todos os outros.
Beijinhos.

Tânia (Taniovtska)