19.2.07

Murmúrios

Soltam-se da boca
murmúrios surdos
imperceptíveis;
falam de ti
e dos desejos que me tomam.
Tento esventrar a tua memória,
cravada em mim,
esquecer teu corpo quente
e esse teu cheiro
de amêndoas e mel
com que cobres a volúpia
em cada acto nosso
de carne e cama.
Percorro as nossas ruas,
revisito cada bar,
onde nos perdemos
entre taças, de um qualquer especial licor.
Atravesso os cais
onde as despedidas
eram dores paridas
rasgadas
de não nos termos.
Passo breve,
a florista
não me estende as rosas
de sempre,
lendo meus olhos vazios
desenredados.
O cego que toca o violino
na esquina onde te deixava,
toou ainda mais triste.
a melodia sem destino.
Oiço meus passos ao longe,
a vida esquecida, o tempo que passa,
os murmúrios calados,
o coração sentou-se estafado.

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