29.6.06

Encontro


foto de Harjeet Heer

Cheguei tarde a uma praça já cheia de gente. Como sempre, tinha marcado uma hora que não era a tua. Avistei-te ao longe, a tua expressão não me assustou, estavas serena, despreocupada, gozando o momento daquela praça cheia de gente, cheia do Sol tépido da manhã. Achei-te linda, irradiavas a luminosidade dos "close-up" de filmes antigos, o teu vestido lilás denunciava a tua graciosidade, na forma como olhaste em redor, procurando na espera. Por um momento, o medo de perder-te, de te fazer esperar. No seguinte, a força de te contemplar, fez-me ficar mais um momento. Os teus braços, como numa dança, levavam as mãos ao teu cabelo, juntavam-no num tronco castanho dourado, antevendo teu pescoço onde os meus beijos repousariam, enquanto te segredaria ao ouvido o quanto te amo.
Sentada nas escadas baixas do chafariz que acomodava a praça, sorrias, entretida com meia dúzia de pombos que bicavam migalhas espalhadas pelo chão, e novamente olhaste procurando, como com vontade de apenas olhar. Tua mão, procurou o interior da tua bolsa, saiu de lá o teu caderno azul, a tua caneta que juraste nunca perder, por ser a companheira de todas as horas. Abrias os olhos numa expressão devoradora, interpretavas imagens, desconcertavas as palavras. De repente estava do teu lado, um sorriso esperava-me, um beijo apaixonado trocado, as desculpas do tempo perdido sem ti.
Sentei-me nas tuas escadas. O teu poema obrigou ao meu silêncio, do teu lado, da vida que amo, dum Mundo imaginado, inesperado, desta praça mágica, onde sempre estás. Olá Poesia, que bom rever-te.

1 comentário:

Anónimo disse...

o que dizer de mais um texto que se entrelaça na língua da imaginação? além do mais tocaste num ponto sensível...como eu gosto de me sentar nas avenidas e nos cafés cheios de gente para os ver passar e repassar uma e outra vez...tento imaginar o que pensam....vai uma bica?

Relamp