29.6.06

Canto incontornável

Meus pés descalços
afagam o soalho
frio
no meu canto,
incontornável,
mergulham à roda
do meu peito,
como se nascesse agora.
O silêncio
permanece no meu rosto,
a boca calada
seca,
palavras que não se
travestem de sons,
são imagens sem código,
pedaços visíveis
de um imaginário
invisível
que só eu sinto
e descortino no espelho,
nas rugas
de expressão.
A mesa semeada de
folhas brancas
convida-me,
a cadeira desarrumada
assimétrica,
quer-me...
dou-me, com o sentido
que as respostas
procuram,
mergulho num poema,
amarro minha mão
à pena gasta
que se entrega dócil,
- faltas-me tu,
suave ilusão
que guia as palavras
geradas,
vivas destas ruas
onde chego sempre
ao final
deste canto
incontornavel.

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