19.5.06

Memórias

Abro o livro das memórias,
encontro revivido
de amores inocentes,
onde a fome e a sede
caladas,
faziam brotar de mim
a inexplicavel força
de quem ama.
Vasculho os cantos do passado,
sonhos antigos,
mulheres breves, passando,
tomadas nos beijos,
na ternura do colo
onde descansei meus olhos.
Passo as páginas de cada amor
relembro finais anunciados
em tardes de ausência,
lugares onde me perdi,
correndo cada palavra
de poemas nunca terminados,
procurando o poema
nunca entregue,
que nunca pude escrever.
Chega-me à memória
imagens do futuro
que o passado já mostrou:
E são desejos
que não passaram de desejos,
ses,
talvez,
porquês,
inundam-me na procura
que me toma,
e torno a ti,
nos dias que ainda não nasceram,
nas palavras guardadas,
nas sensações breves,
nos gestos contidos.
Encerro esse livro das memórias
dobrando o canto
de uma página alva
virgem,
onde voltarei talvez
e um dia escreverei
o poema
que dirá de ti.

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