11.12.18

Pedes-me


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pedes-me que te negue
o que nunca ousaste pedir
como um rio preguiçoso
que tarda a foz
invadindo recantos esquecidos
espraiando-se
onde o sol queima
e o chão se incendeia
largas pelo chão a minha camisa
que nunca vestes
provocando-me nua
ao saíres da tua cama
pelo teu próprio pé
faminta
como um leopardo descendo
dum imbondeiro
insolente
no disfarce da tarde caindo
pela noite
voltas
deitas-te ao meu lado
as tuas coxas são a minha casa
que fechas à chave
sorrindo
saboreando a chuva
que não acontece
perpetuando o mistério
do teu não
do meu sim
de nós nunca sermos
mais do que não fomos.

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