12.1.16

De manhã

















encostada no meu peito
estás aqui
a minha nuca descansa junto à parede da nossa cama
rasa
sinto que dormes
e dos meus olhos nascem as lágrimas confusas
deste sentir dos dias todos
quando o meu peito foi deserto
o teu respirar brando
abranda o meu tempo
destapa-me os pés gelados
sem vontade de me mexer
para que não te acorde
no calor dos teus lábios balbuciando
coisas que não entendo
está a verdade de te ter comigo
o sorriso indesmentível do amor que te tenho
e a volúpia dos teus olhos
que me disseram três vezes que me amas
os pássaros brancos das asas grandes voam em volta da janela
quase oiço as margaridas abrindo amarelas
e as folhas dos freixos mais frescos
compõem melodias perfeitas
silêncios do orvalho da manhã
e dum sol plácido contido
para que permaneças nua toda
minha
neste grito que sai do alto da montanha
do fundo do peito
deste poema que cheira a ti
fiel

amante

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