21.7.15

Onde andas

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onde andas
que é feito deste curto espaço
onde mora este mundo pequeno
onde nunca estás
onde nunca te toco
onde andam as nossas conversas
e a sensação dos risos intermináveis
que nos deixam exaustos
felizes
onde andam os poemas que me prometeste escrever
e as ruas deixadas sós
para nos recolhermos
na beira do teu colo
e despedirmos a noite entrelaçados
não há bancos de jardim perfeitos
incólumes
e o teu rosto
tem a textura dos viajantes apressados
mudos
agora mesmo que passas
e tanto queria saber de ti
e das palavras que te deixam nua
e do teu corpo pleno
como um imbondeiro
num qualquer sítio
ao fim duma tarde estival incandescente
onde andas
agora que todos os anos se gastam depressa
e tu
resplandeces bela
inenarrável
como um abrir de manhã
na varanda mais ao sul
onde
senão neste peito cavado
a terra se junta
e germina em cada dia
por este amor que ainda não sei dizer de ti.


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