os pássaros
voam picado
nos lençóis
de água levantados
uma tormenta
toda adivinhada
um clamor de
lágrimas
batendo nas
rochas sem escolha
salgadas,
desamparadas.
os meus
dedos tocam as cordas
de aço
marcante
na ponta da
tarde escurecida
uma guitarra
antiga, preciosa
que não
guarda as melodias
e me obriga
a repetir
os pássaros
continuados
que vão e
voltam
aos ninhos
sem morada,
desconhecidos
que me
entendem
pedindo que
voe sem medida
e num gesto
de tosco entorpecido
desnudo a
guitarra
que toca
sozinha e alto
e oiço o
peso da canção de voar
leve e
picada
rente ao
chão seco
que nunca olhou
o mar.
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