31.12.13

Modo


 
Estranho o modo
como as coisas se passam e acontecem,
como os quadros se pintam dentro dos meus olhos.
‘inda agora a água caía dos céus, diluviana.
Agora tiro o casaco,
arregaço as mangas afogueado,
e passo a mão no cabelo, molhado
deste sol que abrasa.
Ainda agora as tuas palavras me beijavam,
e sentia a seda dos sons.
De cada esboço pequeno, dos teus lábios.
Pela noite longa e solta,
fazia que me levantasse e escrevesse todos os poemas
que rasgavam o meu peito
e me doíam de contidos
onde nunca poderiam ser aprisionados.
Hoje, as palavras
tomam a cor do gelo, brancas.
Espalham-se
e prendem os regatos
por onde saltavas descalça, seminua.
Estranho o modo
como tu não estares,
me faz escrever
o que eu antes nunca saberia escrever
nem dizer, do meu próprio modo. 

Sem comentários: