24.5.13

Madrugadas













Neste dia em que a chuva me beija
há um manto cinza que me tapa;
a praia lisa e o frio aconchegante
distraem-me
do frio
que greta os meus lábios
brancos,
sabendo ao sal.
os olhos encharcados
deste vento que ensurdece
leva espantados
todos os pensamentos
do teu ninho
onde já não sei poisar.
o mar passa por mim depressa
repete-me num trautear louco
as ondas que chegam e morrem
na areia
em esperança
que chegues
e me abraces e beijes.
cheiro e sinto que és tu
no caminho
onde me deito a andar,
apenas esperando
que o fim regresse mais cedo
e me encontre na memória
como se nunca me deixasses;
e no nascer desconfortado do sol
na presença dos melros saltimbancos
sou um madeiro profundo e seco
onde a alma descansa
repousada, aberta
que o vento virou de frente.

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