preciso das tuas mãos
talvez do teu colo,
deixar que me embales e descanse
a cabeça,
como um cão aninhado, pedindo festas.
Preciso que as batalhas permaneçam quietas
dando tempo a que este peito cicatrize,
Preciso dos abraços
que me apertem
Preciso de voltar a qualquer lado
ainda antes de ser criança
Preciso de mim
e dos meus olhos abertos
no meio dos braços e das pernas
dos que acolhem e me deixam ficar
e dos que sabem
como o tempo rompe e dissolve.
Preciso de ti
e das árvores que me tapam o sol
quando o Verão me maltrata,
e de um copo de água generoso
ainda que a sede espere.
Preciso do orvalho nas manhãs frias
e do teu casaco quente partilhado.
Preciso dos teus poemas temerários
Irritantes, nus
que dizes com voz calma e serena.
Preciso das músicas mais tristes
que me tapam a boca
e me queimam o peito.
Preciso de paz
quando as ruas não acabam
e as crianças olham desconfiadas
a luz mortiça dos meus olhos
que ensombra as cores do teu desenho
fosco.
Preciso, sem saber bem do que precisar,
porque cada poema
me deixa mais pobre
arrancado assim à força
do que sou.
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