26.9.12

Bem no fundo de mim.














O meu corpo embaraça-se
de tanto te querer,
por mais que a minha boca te diga adeus.
Fogem-me estes pés,
descalços, pedindo descanso,
e os meus poros, a minha pele toda
arrepia-se
do cheiro que marcaste em cada pedaço
de mim.
Há um tempo de força
e de um não vincado
de olhar na praça a mudança das folhas
e de perceber as sombras das árvores
mais altas e mais baixas,
Há um tempo de aninhar-me nas coisas comuns
como se a vida já chegasse
quando me bate de frente
e me pede juízo,
como se o meu corpo não existisse
e este frémito
grande, turbulento
que me jorra dos olhos
e me dilata as narinas
não me trouxesse sempre a lembrança
desse teu corpo
dos teus olhos
dessa primeira vez em que te senti,
e me leste o poema
e dançaste, perto de mim.
Porque nada há a dizer
e me deixo ficar
aqui,
a chuva cai de agrado
contra a minha janela,
e as minhas lágrimas são testemunha
do quanto o amor
pode apenas ser
um caminho e a distância
de te ter ao longe
bem no fundo de mim.



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