11.5.12

Bernardo Sasseti morreu...


A morte anda a passar perto de mim, tocou-me hoje de pertinho, quando ouvi o nome de um pianista que me dava alma no tom apaixonado como desenhava as suas melodias e as entregava.
A morte inexorável, brusca e violenta que ceifa no caminho, que nos leva também em fracções maiores ou mais pequenas. Esta morte estúpida e egoísta que não nos ensina nada, e tudo guarda e encerra.
A morte é escura, bafienta, revoltante porque nunca é a nossa - essa nunca a vemos. Falamos dela como se nossa fosse, e afinal somos nós que nos mantemos vivos e lhe damos sentido.
A morte peca sempre por chegar cedo ou chegar tarde. Nunca aparece no tempo certo, quando precisamos dela. Podemos dizer sempre mal dela, ela não se importa, nada reclama - nada, apenas nos acompanha e nos leva à porta do vazio, da falta, da saudade, do irrepetível.
Eu estou pronto para chegar à fala com ela, sem constrangimentos, de forma frontal, procurando que o inadiável seja apenas esse momento.
E se porventura tiver que viajar com ela, porque nunca se pode viver com medo dela,  que deixe” in memoriae” dois ou três poemas que me recordem com a mesma gratidão com que agradeço ao Bernardo Sasseti, poder escrever enquanto o oiço ao piano tocando por uma Alice que não chegou… ainda.

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