A morte anda a passar perto de mim, tocou-me hoje de
pertinho, quando ouvi o nome de um pianista que me dava alma no tom apaixonado
como desenhava as suas melodias e as entregava.
A morte inexorável, brusca e violenta que ceifa no caminho,
que nos leva também em fracções maiores ou mais pequenas. Esta morte estúpida e
egoísta que não nos ensina nada, e tudo guarda e encerra.
A morte é escura, bafienta, revoltante porque nunca é a
nossa - essa nunca a vemos. Falamos dela como se nossa fosse, e afinal somos
nós que nos mantemos vivos e lhe damos sentido.
A morte peca sempre por chegar cedo ou chegar tarde. Nunca
aparece no tempo certo, quando precisamos dela. Podemos dizer sempre mal dela,
ela não se importa, nada reclama - nada, apenas nos acompanha e nos leva à
porta do vazio, da falta, da saudade, do irrepetível.
Eu estou pronto para chegar à fala com ela, sem
constrangimentos, de forma frontal, procurando que o inadiável seja apenas esse
momento.
E se porventura tiver que viajar com ela, porque nunca se
pode viver com medo dela, que deixe” in memoriae” dois ou três poemas que me
recordem com a mesma gratidão com que agradeço ao Bernardo Sasseti, poder
escrever enquanto o oiço ao piano tocando por uma Alice que não chegou… ainda.
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