8.3.12

Mulher






 


 
Abres-te
como uma janela em dia soalheiro;
abres teu peito
e sou um bebé enroscado
fazendo ninho do teu colo
teu rebento nutrido, cheio.
abres-me teus olhos
e fazes que eu veja o mundo,
perceba o cheiro da terra,
e do sangue que cai sem sentido,
que conte a história das letras
e some as contas e os números;
abres-me teu ventre
saio de ti
pisando chão firme
dás-me a mão,
chamas-me filho;
abres-me as pernas
incendeias meu desejo
abres-me a boca
e deixas nela teu beijo marcado,
de amante,
feminina,
menina fêmea
mulher
aberta, ferida
sempre rainha
nesta janela onde o horizonte
se faz.

Sem comentários: