27.1.12

Estou










No alpendre,
deixo o meu saco pendurado,
cheio do nada que os passos
precisam para encetar o caminho.
A cada momento
desembaraço-me dos dias
expludo em múltiplos segundos,
numa força surda, escondida
atiçando-me aos meus próprios cães.
sou escultura, inquieta
desmontável
sou da areia das praias
das marés únicas
onde nada é igual
percebo as mãos que são minhas
e me moldam
pretexto de histórias iguais
que não passam do próprio passado.
já salto
para o hoje das novas casas
pontes
onde tu és o outro,
e dou conta das janelas em frente
onde lábios se movem
e os cotovelos assentam
olhando o mar, e os barcos
onde repouso estas âncoras
sobre mares protelados.
Sou um hóspede deste tempo
que me alberga
e me traz os dias
olhando os rios que deixam as águas correr
e esperam pelas novas torrentes
renovadas,
somo as distâncias
repto da minha força
embalo
entre o negro e o brilho
dos meus olhos desfocados
néscio deste caminho
sábio de um destino,
o mapa
guardado na algibeira.

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