24.6.11

Caminhos


















Compartilho estradas
faço o caminho,
ganhando crostas que o pó aduz,
vestido da dureza que me cobre
viajante
de dores nos pés, passante
olhos inchados, atentos;
- meus olhos vêem por dentro de mim
choram,
e na água fresca
que brota
dessedentam sonhos;
já não vejo, apenas olho,
torno-me mais leve
alivio-me de dilúvios,
lembrando tempos secos
de tantas milhas de deserto,
e de mãos que não se largam
porque o caminho
se desce também de noite
e se sobe nas alvoradas,
quando o gelo invernoso
derrete na primavera.
- Daqui, do meu caminho,
sinto o rio caudaloso
abrigado dos ventos
que fustigam
esta gente que sobra, parada;
velhos vestidos de ocaso
retrato tirado aos sorrisos de gentes pequenas
vivendo os momentos grandes
afagando-nos o peito
tocando-nos.
- Brotam oásis
no retempero deste espaço
nas sombras das alfarrobeiras
que fazem cair no trigo
nossos corpos
escondidos do caminho que se espalha
da vontade de nos reerguermos
e caminhar
ao longo do caminho.

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