26.11.10


E se este mundo fosse apenas um lugar onde todos fossem apenas um pedaço de vida e soubessem que à morte voltavam.
E se este lugar fosse apenas receptáculo de beijos dados e recebidos.
E se este lugar de onde tudo se traz e tudo se leva apenas fosse uma mão aberta onde se escolhem os grãos para lançar à terra.
E se este lugar, nascesse a cada segundo, novo inocente e gritando a plenos pulmões a vontade de penetrar na vida.
E se este lugar ganhasse a força com que um caixão baixa na cova e os prantos irrompem sem vergonha nem gestos contidos.

Eu quero ser dum lugar onde a poesia sejam olhos abertos e amantes beijando-se.
Eu quero que as palavras se revelem dentro de cada coração que bate, e na força dos peitos que querem explodir, se componham melodias e o desenho de uma alegria incontida de viver.
Eu quero ser dum lugar onde cada um conte a história dos outros, e as sardinheiras da tua janela valham mais que as pedras que ferem e matam cada toupeira humana que os procura.
Eu quero que neste lugar nunca faltem os livros e os mapas, e que as linhas não dividam vidas e irmãos.

E das lágrimas secas, dos rebentos de uma velha árvore, das mãos abertas e estendidas, dos punhos erguidos vencendo o desespero, de ti e do amor incontido, hei-de um dia escrever o poema que dirá tudo o que a vida pode ser.

1 comentário:

Vanda Paz disse...

e se escrevesses um livro para te lermos mais perto?

beijo