11.4.08

O meu não


Não,
dizes-me não, como se decidisses
o que o mundo tem a fazer.
Não me olhas nem percebes,
dizes e improperas
teus próprios sons.
De mim solta-se a raiva
que o desespero gera.
Queria ter o poder
que te fizesse não estar,
tenho os traços visíveis
de um tipo cansado,
da inépcia amarga,
gelo enrijecido
que deixa imóvel as vontades.
Já não te olho,
já não te sinto,
és corpo estranho e disforme
num odor de que me afasto
nefasto
execrável –
detesto-te!
…e fazes com que me deteste
por ficar aqui,
gemendo,
rebentando por dentro,
dessas mãos porcas
com que me tapas a boca
e manuseias a tua figura
limpa e contida,
que roça a minha vida
por aquilo que preciso.
por aquilo que me tenho
e não posso deixar
neste meu caminho.

5 comentários:

Vanda Paz disse...

Um poema diferente, cheio de significados.

Beijos

Isa e Luis disse...

Olá,

Um poema forte e sentido...

Beijinhos

Isa

PoesiaMGD disse...

Dorido e revoltado, mas belíssimo!
Um beijo

Unknown disse...

Custa tanto um não,
entranha-se como se fosse um rasgo
um desabrigo
um esgar
que nos retrai como um ferido.

Um não sabe a sangue
a desvio
e quebrar do riso,
sabe a sopa fria
a desgaste
à noite sem dia.

Um não sabe a ausência
sabe torpor,
a gestos de carência
sabe a dor,
sabe a solidão.
Chihiro

Unknown disse...

Diferente, forte e muito sentido!

Beijo