14.3.08

Rasgo as folhas


foto de Lia Pansy
Rasgo e amasso
as folhas
que escrevo de ti,
rasgo-as,
amarroto estes poemas doces,
onde procuro as palavras
como se fossem tesouros
perdidos
raros,
Hoje sou apenas
um cofre
de agonia e medo,
manchados dos dias e das noites,
os lábios trémulos
encharcados
dos pingos que a tristeza
faz cair,
pelos olhos mortiços
apagados,
das vidas a prazo.
Hoje acabam-se as melodias
suaves
quentes,
sou a camisa
rota, encardida,
o frio das camas
por onde se vê a lua,
e os risos cínicos
dos medrosos
prostrados
no seu prato de ouro,
servido no chão.
Hoje rebento os livros
solto as linhas
que douram as lombadas
e sou um dos que ninguém sabe,
que faz as contas
do que não chega.
Rasgo e destruo
tudo,
o que possa esconder
a mentira,
para depois, enfim,
voltar.

6 comentários:

nas asas de um anjo disse...

ainda bem q voltas sempre com a forma maravilhosa como escreves - ex. disso é o nosso dueto, q espectáculo!esta poesia é mt triste...fica bem!bjs

PoesiaMGD disse...

Intenso! Sublime!
Um beijo

Vanda Paz disse...

...e voltas...sempre...

Soberbo!

Beijo

Dark-me disse...

Rasgas, amarrotas tentas apagar mas na verdade permanece... e não consegues resistir...tens sempre de voltar

Dark kiss

Unknown disse...

...
Hoje cai e chorei,
o sono não veio
a comida ficou sem sal,
hoje
o amor cansou-se de nós
apesar do corpo
apesar da dança
hoje quiz-te
mas não te procurei.


Está lindo o teu poema, um beijo com hálito a insónia de uma transeunte nocturna.
Chihiro

Lia Pansy disse...

Lindo mesmo amigo...
Já lancei o meu livro... rsss
Beijokas