27.3.08

Crónica da Chegada


foto de Judith Tomaz

O tempo cinzento, anunciava a chuva que certamente cairia com o avançar da tarde. Na minha frente, bandos de pardais esqueciam-me de ti, generosos no seu esvoaçar, como loucos, tocando o céu, e em pique procurando o chão e o sustento. As árvores frondosas, bailavam majestosas, elegantes, falando das coisas sábias que as memórias cuidam e guardam. Um cigarro adormecido nos dedos, repetido, esfumava-se na espera, e percebia no fumo, o sentido único dos meus olhos vermelhos, cansados de te esperar. Faltavas-me…
Não sei se foi o teu perfume, se os teus passos que chegaram primeiro e acordaram o meu sorriso, e me fizeram soerguer com a vontade de não lembrar o que já não dói, nem faz sentido. Tu estavas…
Olhei-te com o desvelo de um amante, sedento de ti, faminto do teu corpo, e tu percebeste que chegaras…
E o teu corpo e o meu, voaram. E nos momentos todos que colhemos, fomos um e outro num só, como se o desejo guardado irrompesse, como um rio trespassando os diques mais altos, e na torrente apenas quiséssemos que a foz fosse o destino, onde chegávamos sem destino, que não o que traçámos. E ao chegar, ficámos…

5 comentários:

Anónimo disse...

é bom chegar...e partir de novo na aventura dos sentidos, sentimentos e demais devaneios q nos fazem sentir bem!em breve,o nosso ndueto em prosa.bjs

Unknown disse...

lindo!

Unknown disse...

"E ao chegar, ficámos…"

Lindo!

Beijo

Vanda Paz disse...

... e eu fui ficando a ler este lindo texto...

Beijo

Anónimo disse...

This is a nice blog. I like it!