31.1.08

Morte


foto de: Yan Wang

A morte
não é um corte,
isso é sorte
não, como a morte sempre é.
A morte
só de um golpe,
como quem adormece
e se esquece de acordar,
não é morte -
é só sorte.
Morte não é desejo
nem ensejo,
de quem se despede
e não mede
que nada acaba -
apenas tarda.
A morte
é a consorte
que nos acompanha,
e está presente
enquanto a alma sente,
que por viver
apenas sabe
que um dia
vai morrer,
nas coisas pequenas,
em quem não volta,
nas memórias apagadas,
nas mentiras atraiçoadas,
nos dias sem sentido,
no rosto empedernido,
do que parte, sem sentido.
A morte
não me faz forte
nem me dá sorte - apenas dorme
enquanto eu tenha sorte
de nela, não me abraçar.

3 comentários:

Unknown disse...

A morte, se tivermos sorte, vem em silêncio e talvez nos abrace tarde, tarde, tarde...

Belo poema, como sempre!

Beijo

Vanda Paz disse...

Mui bueno!

Beijo (dos de morte ou com sorte??? eheheh)

Unknown disse...

A morte é um pertence
que nos faz cair
como quem vence
É uma porta fechada
o abismo que era estrada.
É a morte é queda,
salto, fogo e vazio
é abraçar-te e sentir o corpo frio.
É perder, partir,
tanta coisa nunca começada.
A morte está em tudo e do tudo
faz nada.

Kiss
Chihiro