5.6.07

Se …


foto de Jorge Casais

Há sempre um se nas nossas vidas, uma ambiguidade própria dos seres que têm a capacidade da escolha, dos que procuram estar e alcançar, o que não têm, o que não sentem. A verdade de cada homem, é momentânea, perene, simples, complexa, fechada e aberta ao mesmo tempo, sem forma de medir horizontes, sem réguas que sejam mais que referência, medidores.
Á minha frente, uma estrada imensa, chamada pensamento. Por isso sou mais que a soma dos átomos que me fecham neste objecto chamado corpo. Mas é do corpo que trato, é dele e nele que vivo e desejo e me excito e sofro. E desta grande chatice não tenho forma de me livrar, quanto muito – olhando os céus e descobrindo a inexistência, a periclitante instabilidade e fragilidade, a imperfeição, o desejo de não ser o que olho, quando me fito num qualquer reflexo. Desejo ser deus infinito, onde me perpetue e me entronize e apenas reste o que quero ter de bom, magnífico, sublime. Como o meu cão, que se baba diante das migalhas do meu prato, procuro infinitamente a felicidade, colocando em cada lugar a marca do que realmente quero. E se o que quero, não é propriamente para mim, encontro nesses gestos, a suprema felicidade de optar pelo mais condicionante dos se, quando a tristeza, a opção, o abandono, o meu desmembramento, é a felicidade do sorriso de quem amo, de optar entre mim, e quem construo na minha liberdade de amar.
O se é a nossa estrada, é a liberdade dos que encarcerados são mais livres que os indigentes, dos que sonham a morte como recompensa de vidas mal vividas, dos seres enamorados, que sempre esperam mais que a luz do sol incidindo nos rostos já passados, das rugas que contam histórias envenenadas pelo futuro sempre a chegar.
O se é a derradeira forma de sorrirmos, sabendo que a escolha é nossa. É a forma sublime de contrariar o destino, de escrevermos palavras que não estas, de nos deixarmos ir sem destino…, se

1 comentário:

Vanda Paz disse...

Se não existisses tinhas de ser inventado...ehehehhe

Beijo
T