2.1.07

Sonho de Inverno

Apago a luz
que ilumina a minha mesa,
recolho os reflexos
que a noite me oferece.
baixo os olhos
recosto-me na cadeira e sinto-te…
esperas-me:
Entro no teu salão,
cheira-me a madeira, nobre,
imolada,
na nossa lareira,
cúmplice
dos nossos silêncios,
quando,
esgotados,
descansamos nas imagens que o fogo desenha.
A nossa canção
envolve-me nos teus braços,
perfeita,
na estereofonía com que
nos deleita.
O teu vestido plissado,
roda no espanto dos meus olhos,
mergulho no decote
onde o teu vestido negro
ilumina o recorte dos teus seios, belos.
No teu cabelo
sobra um laço que desaperto,
tuas madeixas caem pelo teu rosto,
encostam-se nos teus lábios,
onde minha boca
se antecipa
com a sede de um beduíno
que alcança seu oásis,
e depois olhando teus olhos,
percebo o sonho,
despeço-me de ti,
e ergo-me cansado,
correndo certo para ti.

Sem comentários: