2.1.07

É natal

É natal,
dia de nascer,
dia em que todos os dias
são a soma dos desprezos,
de todos os dias.
Em que as correntes que nos prendem
aos sonhos
se quebram com o vigor
da raiva e dos olhos inchados
marejados do sangue
gasto
no sofrimento do frio,
com que estalam os dedos,
a brusca arritmia
com que fugimos dos beijos
e dos abraços,
que nos vestem -
- hipocrisias
deste dia estabelecido.
É natal,
e rebentam as rolhas
nas cabeças dos furtivos
barretes,
há sorrisos
e gente que quer nascer de novo:
e tentamos:
- Diferimos dos diferentes,
somos prendas, que afinal são embrulhos.
Somos festa de família
cheios de prendas, sem laços,
somos a contradição nascida
das vontades
e dos desejos;
É Natal
descem as sombras,
sobem balões de ar quente,
oxigénio de uma noite travestida,
ilusão que sabe bem,
por um sonho
por um dia
é Natal.

1 comentário:

Isa e Luis disse...

Olá amigo,

Adorei o teu poetar.

Feliz 2007!

beijinhos

Isa