17.1.07

Á Mulher de uma rua

Eram não sei,
quantas horas da noite,
o vento requebrava as folhas
de mansinho
e punhas de encontro à face
o teu casaco côr de mel.
Passeavas estranhamente pela
borda
de um passeio, onde sapatos
apressados
olhavam de soslaio os teus pés
inquietos e cansados.
Do outro lado de que dispunhas
sobranceiro ao macadame
poluído,
milhões de quilos de minério
convertido em astutas
viaturas,
conversavam lado a lado
sem decência
o preço das loucuras e velocidades.
uma ou outra que abrandava
dispunha de um pescoço
requentado
que posto fora da janela
reduzia o ridículo e a marcha,
e simplesmente grunhia -
- quanto?
e tu comercialmente digna,
afirmavas ponto a ponto o teu
valor,
aos olhos dos outros apontado
aos teus próprios ignorado
que mais não tinhas de suster
senão
de pronta ao teu ofício
sentinela de sonhos imundos
dos castrados
gola alta no teu lugar
pronta ao frio dos que te gelam.

Sem comentários: