9.6.06

Oração

O sol já se pôs,
suavemente
rompe a terra
rumo ao céu.
O horizonte é um painel
negro, misterioso
onde cada ser se adivinha.
perguntas e palavras
sem pedirem respostas.
Entro num templo
pedindo aos pés o descanso
das caminhadas sem rumo,
que matam o tempo pouco a pouco,
dando-lhe trágico fim
de quem não sabe onde
a vida se acha.
Frente a mim,
Deus
poder supremo, feiticeiro,
mágico.
Reprimo as palavras
tentando escutar sons
que não vêm.
Diz-me Deus!
Fala-me Deus!
ridiculo desejo em modo
imperativo.
Velas ardem a homens
e mulheres, santos
alumiam e aquecem
meus olhos perdidos.
Temo, mas quero
um olhar
um toque
um perpassar de Deus,
e depois,
sossego, os pés frios,
descansam
o olhar turva-se
e as mãos
chegam-se uma á outra
suavemente
como a noite, que o sol
pôs a nú.

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