4.5.06

Memória de uma noite

Nem a madrugada se despedira,
quando um raio de sol
espreitou o meu quarto
e descobriu,
tuas coxas encobertas
pelo cetim
que a noite trouxe.
Tinhas um sorriso
guardado no rosto
desenhado pela memória breve
onde descansavas.
Quis-te
com as mãos suspensas
do desejo
de te voltar a ter,
e meus olhos passaram
o leito a pente fino,
procurando as histórias
de uma noite
como nenhuma antes houvera.
Toquei-te,
e o desejo acendeu-se,
teus olhos semi abertos
arderam na procura
e senti teus seios
colados ao meu peito,
teus cabelos
subindo pelos meus braços,
inventando amor
em palavras roucas,
sussurradas em cada som,
em cada arfejo.
Rimos e rolámos
amor a fora.
Chorámos -
o choro dos momentos felizes
que a vida às vezes oferece.
Depois foram
cavalgadas audazes à força de nos
querermos,
e foram palavras obscenas
que cheiravam a poemas
e corpos, os nossos dois,
entroncados num só.
Já tarde,
o sol chamando,
entregámo-nos num último beijo,
até nos querermos mais.

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