9.5.06

Guerras

A guerra assoma e foge,
o sol queima impiedoso
cada corpo,
os rostos - estátuas de sal
onde apenas as lágrimas
são mais secas
que a água ausente.

os olhos fundos, resignados
inertes, as mãos caídas
vazias.

uma capa negra
dada pela morte
serve de agasalho
quando chega o frio agudo
que corta.

E a guerra assoma e foge.

Deixa aos colos das mães
esqueletos de amor,
filhos frios
de carícias nunca havidas,

E a guerra assoma e foge.

Com ela
barrigas amplas, contentes,
malas cheias de soldados cadaveres,
gravatas e óculos emproados,
sereias de costumes,
recolhem-se ao seu regaço
e gozam em delírios
contidos e secretos.

E a guerra assoma e foge,
recarregando a baioneta
que trespassa as nossas vidas.

A guerra assoma
nós morremos.

Sem comentários: