A guerra assoma e foge,
o sol queima impiedoso
cada corpo,
os rostos - estátuas de sal
onde apenas as lágrimas
são mais secas
que a água ausente.
os olhos fundos, resignados
inertes, as mãos caídas
vazias.
uma capa negra
dada pela morte
serve de agasalho
quando chega o frio agudo
que corta.
E a guerra assoma e foge.
Deixa aos colos das mães
esqueletos de amor,
filhos frios
de carícias nunca havidas,
E a guerra assoma e foge.
Com ela
barrigas amplas, contentes,
malas cheias de soldados cadaveres,
gravatas e óculos emproados,
sereias de costumes,
recolhem-se ao seu regaço
e gozam em delírios
contidos e secretos.
E a guerra assoma e foge,
recarregando a baioneta
que trespassa as nossas vidas.
A guerra assoma
nós morremos.
Sem comentários:
Enviar um comentário