29.2.12

Donde venho?




Donde vem esta canção
que me agarra a alma
e me sufoca?
donde vens tu
que me tomas o caminho
e me abres templos
percorridos de pés descalços
no mármore frio, cruel?
donde vem este sonho
que me acorda de madrugada
e continua a olhar-te
como se fosses bruma ao longe,
chuva que não chega
deste inverno seco e destemperado?
donde venho eu
que deixei teus lábios
calados, húmidos?
onde deixei o poema
por escrever,
estropício
de palavras que não pago?
onde deixei esta viagem
que me parou numa casa sem porta?
donde vem este poema
que não se verga
às rimas contidas
aflitivas?
donde venho eu
senão de dentro de mim
se não de dentro

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