Sou um Mundo dentro de mim
colho e semeio.
nem sempre o que colho vem da minha sementeira –
nem sempre o que semeio é colhido por mim.
de tantos pais e tantas gerações
dou por mim, filho de mim mesmo,
descalço
os outros já se recolhem em seus caminhos
os outros, são vultos de barcos escondidos
são retas imensas a tinta-da-china
linhas de horizonte – tracejadas.
o que me retém deixa-me acordado
Tenho dores destas palavras paridas
contraponto
de sabores que a boca não percebe
das coisas que quero dizer e não se descaem.
Sou o que sou e ainda mais o que ocupo
mas também sou o não sou
e o não - espaça
o tu e os teus nãos.
Culpo-me de cada desculpa que dou
para me culpar.
e este vazio é o vazio
assassino,
cúmplice das mordaças de bocas surdas
das vendas de olhos que já não se abrem
das cordas que atam e estropiam,
das flores em ramos de respostas devolvidas
de um mundo onde faço por partir.
Na amargura das decisões tardias.
É doce a minha escolha,
o corpo reflete, aceita
a estória é de amor e recontada, onde
a paz me visita
e me empurra ao minuto seguinte.
olho-te e nos meus olhos que o espelho devolve
segue um abraço e uma saca de viagem.
1 comentário:
Tu és um mundo cheio de sentimentos, sentidos, caminhos e pensamentos...
Lindo este poema.
Beijo
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