10.10.11

Pedaços de lua


Há pedaços de lua na beira do meu prato,
aqui donde se vê o céu,
nesta mesa deixada ao relento,
Não há frio,
a noite fresca e lúcida
sobra, derretida em cada pedaço
de gelo
na água que brilha dos teus olhos, e
o teu corpo marcado
na impressão natural
de cada átomo de ti.
Ferra-se no meu desejo
onde se tu me pudesses ver,
debruçado nesta mesa
entenderias
como eu me quereria mostrar
de peito rasgado
sem palavra que pare e se equilibre,
acanalhando-se
com copos encardidos de aguardente
com as sementes paridas do medo
patéticas
com esta urgência de já ser outro,
e de ser o mesmo
diferente por todos os dias
porque não sei me ver
nos teus olhos
fechados.

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