3.11.08

Poema ao jantar


Olá, que estás a fazer?
O jantar.
O que é que vais fazer?
Um poema…
Só um poema, ou alguma coisa para acompanhar?
Sim, vou juntar-lhe o tempo...
e meia dúzia de pensamentos, dos mais pequenos…
Posso ajudar-te?
Claro, fazemos para os dois.
Passa-me aquelas palavras…
Quais?
As que estão por aí sem norte, desarmadas e frias.
E servem?
Vais ver, tenho um truque que as torna de ler e chorar por mais.
Não estão duras?
Com um pouco de paciência e cozedura lenta, amolecem.
Espera, preciso de bater primeiro o coração.
Queres que bata?
Bate comigo, os dois somos o número ideal.
Põe mais beijos…
mais, não deixes cair muitos de uma vez.
Tem já uma bela cor!
estou a ficar cheio de fome.
então pega no meu corpo e aquece-o,
Não deixes queimar, mexe sempre os olhos,
repara na cidade e nas sombras que diminuem.
cuidado não vá engrossar esse modo de ser.
Já podemos juntar tudo?
Falta-me a ternura, não sei se restou alguma,
tive um poema enorme a semana passada.
espera, já cresceram mais umas folhas.
Apanha com cuidado, para a deixar crescer outra vez.
Agora basta que me tenhas e me queiras,
Junta o ramo de cheiros que a tua memória colheu
Cheira, como é bom essa pitada de loucura que juntaste.
Vá, senta-te, Vou servir.
Pão?
Não, prefiro assim.
Traz o vinho
Tinto?
Claro, e tu senta-te, não quero começar sem ti.

7 comentários:

Anónimo disse...

"Agora basta que me tenhas e me queiras"

Belíssimo JB!

Beijo

nas asas de um anjo disse...

está tão original!
és d+
bjs

Menina do Rio disse...

MARAVILHOSO!!!!! Divinamente maravilhoso! Nunca li algo tão lindo! Precisamos usar mais esta receita!!!

Pois é, eu estou tentando manter as visitas em dia, mas são tantas que mal consigo retribuir.
Me perdoa...

Um beijinho a mais nessa receita!

®efeneto disse...

Quando as palavras
secam na garganta
no momento exacto de as dizer
parecem rochas encrostadas na terra
impossíveis de as moldar.
Fico na impotente ansiedade
como náufrago, sem gritar.
Sei como são cruéis
e tiranas as palavras
que se recusam a pronunciar-se
naquele exacto momento
em que mais são precisas.
Quando me acontece contigo
substituo-as pelo olhar
e as mãos dizem o resto.

Voltei. O Grito do Poeta calou-se. Pode ser que ressuscite. Até lá convido a apanharem umas Migalhas de Poesia. Fica a promessa que voltarei para vos ler e apreciar com a atenção que merecem. Afinal os amigos souberam esperar. Até já…

Filipa disse...

Adorei este jantar...melhor...AMEI

muito lindo sim...belas pavras e aromas se cheiram por aqui...

devia estar saboso esse jantar...

ja pensas-te numa sobremesa???

beijo solto


obrigada pelo teu comentário

espero k voltes como eu vou voltar de certeza =D

Lira

Filipa disse...

correcção:_

*1 palavras
*2 saboroso

desculpa tnh o teclado meio marado!

beijo solto

Lira

Ni disse...

Oh! Tá fantástico! Adorei! Genial... E porque é mesmo assim ;)